"Que belo quadro seria se eu conseguisse projectar sobre um ecrã,
ao mesmo tempo, toda a iluminação eléctrica, todos os anúncios luminosos, todos os automóveis que passam com uma enorme garrafa de Champanhe ou anúncios de chat noir, numa grande capital do mundo."
Amadeo de Souza-Cardoso[1]
ao mesmo tempo, toda a iluminação eléctrica, todos os anúncios luminosos, todos os automóveis que passam com uma enorme garrafa de Champanhe ou anúncios de chat noir, numa grande capital do mundo."
Amadeo de Souza-Cardoso[1]
Enquanto tema e problema, a cidade tem vindo a ser abordada por Baudelaire, Georg Simmel, Robert Musil, Walter Benjamin, Henry Lefebvre, entre outros autores e artistas. A atenção ao presente e a consciência da multiplicidade de estímulos urbanos acabaram por contaminar grande parte das propostas artísticas, tornando temas e técnicas da cidade – a velocidade, a experiência do instável, a multidão, a electricidade, o reclame, a colagem e o uso de materiais “pobres” – uma via operativa nos discursos sobre o modernismo.
Amadeo de Souza-Cardoso, em frequente circulação entre Amarante e Paris, reinterpretou tanto o meio rural – interesse não desligado das suas raízes e de um impulso moderno de apropriações primitivistas –, como a vida urbana, presente nas suas caricaturas, em entrevistas que concedeu e nalgumas das suas últimas pinturas, carregadas de alusões à mercadoria, à técnica e à telegrafia. Na sua obra, propensa a transferências de forças entre homens, objectos e animais, a representação da figura humana oscila entre retratos da ruralidade, por vezes convertidos em máscaras, e uma crescente mecanização. Lançamos, por isso, o repto de pensar a obra de Amadeo, tendo em conta os discursos sobre a modernidade formulados em diferentes disciplinas, as dicotomias urbanidade/ruralidade e centro/periferia, bem como abordagens antropológicas e ontológicas do homem, de forma a reequacionar o seu lugar na historiografia do modernismo.
Do outono de 2017 ao outono de 2018, já no contexto do centenário da morte de Amadeo de Souza-Cardoso, propomos um itinerário de mesas-redondas e conferências sobre a obra de Amadeo em cidades que fizeram parte dos seus percursos, projectos e vivências, cruzando diálogos entre a história da arte, a estética e os estudos culturais.
Organização:
Joana Cunha Leal (IHA/FCSH/NOVA)
João Oliveira Duarte (IHA/FCSH/NOVA)
Maria Celeste Natário (IF/FLUP)
Marta Soares (IHA/FCSH/NOVA)
[1] João Fortunato de Sousa Fonseca, “O Futurismo em Lisboa – Falando com Amadeu de Sousa Cardoso”, in Jornal de Coimbra, 21-12-1916, p. 1.
Amadeo de Souza-Cardoso, em frequente circulação entre Amarante e Paris, reinterpretou tanto o meio rural – interesse não desligado das suas raízes e de um impulso moderno de apropriações primitivistas –, como a vida urbana, presente nas suas caricaturas, em entrevistas que concedeu e nalgumas das suas últimas pinturas, carregadas de alusões à mercadoria, à técnica e à telegrafia. Na sua obra, propensa a transferências de forças entre homens, objectos e animais, a representação da figura humana oscila entre retratos da ruralidade, por vezes convertidos em máscaras, e uma crescente mecanização. Lançamos, por isso, o repto de pensar a obra de Amadeo, tendo em conta os discursos sobre a modernidade formulados em diferentes disciplinas, as dicotomias urbanidade/ruralidade e centro/periferia, bem como abordagens antropológicas e ontológicas do homem, de forma a reequacionar o seu lugar na historiografia do modernismo.
Do outono de 2017 ao outono de 2018, já no contexto do centenário da morte de Amadeo de Souza-Cardoso, propomos um itinerário de mesas-redondas e conferências sobre a obra de Amadeo em cidades que fizeram parte dos seus percursos, projectos e vivências, cruzando diálogos entre a história da arte, a estética e os estudos culturais.
Organização:
Joana Cunha Leal (IHA/FCSH/NOVA)
João Oliveira Duarte (IHA/FCSH/NOVA)
Maria Celeste Natário (IF/FLUP)
Marta Soares (IHA/FCSH/NOVA)
[1] João Fortunato de Sousa Fonseca, “O Futurismo em Lisboa – Falando com Amadeu de Sousa Cardoso”, in Jornal de Coimbra, 21-12-1916, p. 1.
VILLES D'AMADEO
Cycle international de tables rondes et conférences
« Quel beau tableau ce serait si je pouvais projeter sur un écran,
en même temps, tout l'éclairage électrique, toutes les annonces
lumineuses, toutes les voitures qui passent avec une
énorme bouteille de champagne ou du chat noir,
dans une grande capitale du monde »
Amadeo de Souza-Cardoso
La ville a été abordée comme thème ou problématique par Baudelaire, Georg Simmel, Robert Musil, Walter Benjamin, Henry Lefebvre, entre autres auteurs et artistes. L’attention portée au présent et la conscience de la multiplicité des stimuli urbains sont désormais aussi des préoccupations des propositions artistiques, rendant la ville ainsi que ses thèmes et technologies – la vitesse, l’expérience de l’instable, la foule, l’électricité, la publicité, le collage et l’utilisation de matériaux « pauvres » - un outil opératoire dans les discours sur le modernisme.
Amadeo de Souza-Cardoso, allant et venant entre Amarante et Paris, a réinterprété autant le milieu rural, dont il tenait l’intérêt à ses racines et à une impulsion moderne d’appropriation primitive, que la vie urbaine, présente dans ses caricatures, dans les interviews qu’il a donné, et dans certaines de ses dernières peintures, chargées d’allusion aux marchandises, aux technologies et à la télégraphie. Dans son œuvre, sujette à des transferts de forces entre hommes, objets et animaux, la représentation de la figure humaine oscille entre portraits de la ruralité, parfois convertis en masques, et une mécanisation croissante. C’est pourquoi nous lançons le défi de penser l’œuvre d’Amadeo en tenant compte des discours sur la modernité formulés dans différents disciplines, sur les dichotomies ville/campagne et centre/périphérie, ainsi que sur les abordages anthropologiques et ontologiques de l’homme, de façon à redéfinir la place de cet artiste dans l’historiographie du modernisme.
De l’automne 2017 à l’automne 2018, dans le contexte du centenaire de la mort d’Amadeo de Souza-Cardoso, nous proposons un itinéraire de tables-rondes et conférences sur l’œuvre d’Amadeo dans des villes qui ont fait partie de ses parcours, projets, et lieux de vie, en croisant les dialogues entre l’histoire de l’art, l’esthétique et les études culturelles.
Organisation:
Joana Cunha Leal (Institut d'Histoire de l'Art, Nouvelle Université de Lisbonne)
João Oliveira Duarte (Institut d'Histoire de l'Art, Nouvelle Université de Lisbonne)
Maria Celeste Natário (Institut de Philosophie de l'Université de Porto)
Marta Soares (Institut d'Histoire de l'Art, Nouvelle Université de Lisbonne)
Amadeo de Souza-Cardoso, allant et venant entre Amarante et Paris, a réinterprété autant le milieu rural, dont il tenait l’intérêt à ses racines et à une impulsion moderne d’appropriation primitive, que la vie urbaine, présente dans ses caricatures, dans les interviews qu’il a donné, et dans certaines de ses dernières peintures, chargées d’allusion aux marchandises, aux technologies et à la télégraphie. Dans son œuvre, sujette à des transferts de forces entre hommes, objets et animaux, la représentation de la figure humaine oscille entre portraits de la ruralité, parfois convertis en masques, et une mécanisation croissante. C’est pourquoi nous lançons le défi de penser l’œuvre d’Amadeo en tenant compte des discours sur la modernité formulés dans différents disciplines, sur les dichotomies ville/campagne et centre/périphérie, ainsi que sur les abordages anthropologiques et ontologiques de l’homme, de façon à redéfinir la place de cet artiste dans l’historiographie du modernisme.
De l’automne 2017 à l’automne 2018, dans le contexte du centenaire de la mort d’Amadeo de Souza-Cardoso, nous proposons un itinéraire de tables-rondes et conférences sur l’œuvre d’Amadeo dans des villes qui ont fait partie de ses parcours, projets, et lieux de vie, en croisant les dialogues entre l’histoire de l’art, l’esthétique et les études culturelles.
Organisation:
Joana Cunha Leal (Institut d'Histoire de l'Art, Nouvelle Université de Lisbonne)
João Oliveira Duarte (Institut d'Histoire de l'Art, Nouvelle Université de Lisbonne)
Maria Celeste Natário (Institut de Philosophie de l'Université de Porto)
Marta Soares (Institut d'Histoire de l'Art, Nouvelle Université de Lisbonne)
AMADEO'S CITIES
International round table series
"What a beautiful picture it would be if I could project on a screen,
at the same time, all the electric lighting, all the lit adverts,
all the cars passing by with a huge bottle of champanhe
or chat noir ads, in a great capital of the world."
Amadeo de Souza-Cardoso[1]
at the same time, all the electric lighting, all the lit adverts,
all the cars passing by with a huge bottle of champanhe
or chat noir ads, in a great capital of the world."
Amadeo de Souza-Cardoso[1]
As a subject and an issue, the city has been addressed by Baudelaire, Georg Simmel, Robert Musil, Walter Benjamin and Henry Lefebvre, among other authors and artists. A focus on the present and an awareness of the multiplicity of urban stimuli eventually contaminated much of art, making the themes and techniques of the city – speed, the experience of the unstable, the crowd, electricity, adverts, collage and the use of "poor" materials – an operative field within discourses on modernism.
Amadeo de Souza-Cardoso, in frequent circulation between Amarante and Paris, reinterpreted both the rural environment – an interest linked to his roots and a modern impulse of primitivist appropriations – and urban life, which is present in his cartoons, in interviews that he granted and in some of his later paintings, full of allusions to commodities, technique and the telegraph. In his work, prone to transfers of forces between men, objects and animals, the representation of the human figure ranges from portraits of rurality, sometimes converted into masks, to a growing mechanization.
The challenge is now to address Amadeo de Souza-Cardoso’s work taking into account the discourses about modernity formulated in different disciplines, the urban/rural and center/periphery dichotomies, as well as anthropological and ontological approaches to man, in order to rethink this artist’s place in the historiography of modernism.
From the autumn of 2017 to the autumn of 2018, marking a hundred years since the death of Amadeo de Souza-Cardoso, we propose an itinerary of round tables and conferences on the work of Amadeo in cities that were part of his routes, projects, exhibitions and experiences, by crossing dialogues between art history, aesthetics and cultural studies.
Organization:
Joana Cunha Leal (IHA / FCSH / NOVA)
João Oliveira Duarte (IHA / FCSH / NOVA)
Maria Celeste Natário (IF / FLUP)
Marta Soares (IHA / FCSH / NOVA)
[1] João Fortunato de Sousa Fonseca, “O Futurismo em Lisboa – Falando com Amadeu de Sousa Cardoso”, in Jornal de Coimbra, 21-12-1916, p. 1.
Amadeo de Souza-Cardoso, in frequent circulation between Amarante and Paris, reinterpreted both the rural environment – an interest linked to his roots and a modern impulse of primitivist appropriations – and urban life, which is present in his cartoons, in interviews that he granted and in some of his later paintings, full of allusions to commodities, technique and the telegraph. In his work, prone to transfers of forces between men, objects and animals, the representation of the human figure ranges from portraits of rurality, sometimes converted into masks, to a growing mechanization.
The challenge is now to address Amadeo de Souza-Cardoso’s work taking into account the discourses about modernity formulated in different disciplines, the urban/rural and center/periphery dichotomies, as well as anthropological and ontological approaches to man, in order to rethink this artist’s place in the historiography of modernism.
From the autumn of 2017 to the autumn of 2018, marking a hundred years since the death of Amadeo de Souza-Cardoso, we propose an itinerary of round tables and conferences on the work of Amadeo in cities that were part of his routes, projects, exhibitions and experiences, by crossing dialogues between art history, aesthetics and cultural studies.
Organization:
Joana Cunha Leal (IHA / FCSH / NOVA)
João Oliveira Duarte (IHA / FCSH / NOVA)
Maria Celeste Natário (IF / FLUP)
Marta Soares (IHA / FCSH / NOVA)
[1] João Fortunato de Sousa Fonseca, “O Futurismo em Lisboa – Falando com Amadeu de Sousa Cardoso”, in Jornal de Coimbra, 21-12-1916, p. 1.